Um risco sem cor atravessa o céu
Nessas horas frias
Dessas noites feias
Despencando do décimo andar
Tão ilustre e belo
No chão a lamentar mentiras
Numa viajem funda e torta
Minha estupida santidade sórdida
Me devora aos poucos, me devora
Me devora, depois vá embora
Me deixe aqui plastificado e triste
Da janela espedaçada, vendo um mundo trincado
Dor-medo, rubro-fogo
Ta nos cantos e nos becos do meu corpo
Vem num surto, abre a boca e me engole
Vem num surto, abre a boca e me gospe.
Luca Souza
Um comentário:
Apostoo que enquanto isso acontecia um cigarro era devorado por uma boca gulosa e um pulmão fugaz.
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