quarta-feira, 31 de março de 2010

Vem num surto.

Um risco sem cor atravessa o céu
Nessas horas frias
Dessas noites feias
Despencando do décimo andar
Tão ilustre e belo
No chão a lamentar mentiras
Numa viajem funda e torta
Minha estupida santidade sórdida
Me devora aos poucos, me devora
Me devora, depois vá embora
Me deixe aqui plastificado e triste
Da janela espedaçada, vendo um mundo trincado
Dor-medo, rubro-fogo
Ta nos cantos e nos becos do meu corpo
Vem num surto, abre a boca e me engole
Vem num surto, abre a boca e me gospe.




Luca Souza

Um comentário:

Ana Sousa disse...

Apostoo que enquanto isso acontecia um cigarro era devorado por uma boca gulosa e um pulmão fugaz.