segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Vem num surto

Um risco sem cor atravessa o céu
Nessas horas frias
Dessas noites feias
Despencando do décimo andar
Tão ilustre e belo
No chão a lamentar mentiras
Numa viajem funda e torta
Minha estupida santidade sóridida
Me devora aos poucos, me devora
Me devora, depois vá embora
Me deixe aqui plastificado e triste
Da janela espedaçada, vendo um mundo trincado
Dor-medo, rubro-fogo
Ta nos cantos e nos becos do meu corpo
Vem num surto, abre a boca e me engole
Vem num surto, abre a boca e me gospe.



(Luca Souza)

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi!
Sabe, gosto desse tipo de poema, com palavras fortes, enigmaticas,e com seu proprio entendimento..
mas sinto falta de poemas felizes!
:)

Ígor Andrade disse...

Nem precisei procurar algo diferenciado neste domingo. O algo me encontrou. Voltarei, e espero que você volte também.
Abraço!